domingo, 21 de junho de 2015

Mentoplastia - a plástica do queixo.

Mentoplastia - a plástica do queixo.


A forma e o tamanho do queixo têm grande impacto na aparência facial. Há quem diga que influencie até mesmo na personalidade dos indivíduos: pessoas com queixo bem definido tenderiam a ser mais auto-confiantes, enquanto, por outro lado, pessoas com hipogenia (queixo pequeno ou retraído) apresentariam uma tendência a timidez.

Conjecturas à parte, a região do mento apresenta características craniométricas (parâmetros mensuráveis) que o deixam mais harmônicos com o restante da face. Apresentam ainda, características morfológicas, analisáveis clinicamente, que o definem como tendo uma aparência agradável ou não.
Boa parte das pessoas que pensam ter um queixo pequeno, são na verdade portadores de um retrognatismo mandibular, e portanto, candidatas a uma cirurgia ortognática (reposicionamento de todo o maxilar, e não apenas do queixo). Entretanto, devemos ponderar que alguns casos são limítrofes, podendo as queixas do paciente serem resolvidos com uma mentoplastia; ou ainda alguns pacientes podem não estar dispostos a passar por todo o processo ortodôntico e cirúrgico da ortognática. Nesse caso, o cirurgião deve analisar quais pacientes poderão se beneficiar de uma mentoplastia. Frequentemente realizamos a mentoplastia em conjunto com a lipoaspiração da região submentual (papada), com o objetivo de melhorar ainda mais o perfil do terço inferior da face.

Características Estéticas do Queixo

Quando avaliamos o queixo para uma cirurgia estética, nós o comparamos com o restante da face, levando em consideração os seguintes parâmetros: forma, projeção e altura.

Forma: Costumamos analisar o mento em conjunto com o lábio inferior, sendo a forma desse complexo mento-labial, o ponto de partida de nossa análise. Em uma vista lateral, o aspecto ideal do complexo mento labial tem a forma de uma letra S levemente aberto, cuja metade inferior é maior que a superior.

                                        






Para se conseguir esse formato, dependemos de uma inclinação adequada dos dentes incisivos inferiores, bem como de um posicionamento adequado da ponta do queixo no sentido ântero-posterior. Pessoas que apresentam essa linha retificada, ou seja, um sulco mento-labial raso, são geralmente bons candidatos a uma mentoplastia. Aqueles que apresentam, por outro lado, um sulco mento-labial muito profundo, ou seja um S muito achatado, não são candidatos para uma mentoplastia de avanço. E nesses casos pode inclusive estar indicada uma  mentoplastia para aumento vertical ou de recuo ( deslocamento para posterior  ou para baixo do queixo). Em muitos desses casos, é frequente a indicação de avanço mandibular com recuo do mento. Nós cirurgiões, usamos além desses parâmetros clínicos, alguns postulados cefalométricos que nos auxiliam no cálculo.

Projeção do mento: Quando falamos em projeção, nos referimos ao posicionamento do queixo em relação ao restante da face, em uma vista de perfil. Este parâmetro influencia tanto na forma do mento, quanto na harmonia facial.

Um parâmetro que podemos utilizar para avaliar a projeção, é a posição do ponto mais projetado do mento em relação a uma linha que passa pelo ponto subnasal (figura abaixo). Em média, o queixo deve estar cerca de 2mm posterior a essa linha, enquanto o ponto mais projetado do lábio normalmente coincide com a linha. Lembrando que queixos masculinos costumam ser algo mais projetados que os femininos.





Altura do mento: Durante o planejamento e a execução de uma mentoplastia,  é importantíssimo que consideremos a dimensão vertical do queixo. Além da avaliação clínica (visual), algumas medidas podem nos dar a dica sobre a necessidade de se alterar a altura do queixo. Uma delas é a proporção entre os terços faciais e suas subdivisões.







Assim, uma desproporção dessas medidas, pode indicar a necessidade de aumentar ou reduzir a altura do queixo, estando os demais componentes faciais corretamente posicionados.

Simetria:

Além dos parâmetros mencionados, devemos observar ainda, a simetria de posição (centralização com a linha média facial e paralelismo transverso com o solo) e de forma (estrutura óssea de metade do queixo ter forma semelhante á outra metade)




A Cirurgia

Uma vez definidas forma, projeção e altura ideais do queixo, e avaliada a situação atual do queixo do paciente, é hora de decidir a técnica mais indicada para o caso.


Quando um paciente é um bom candidato para prótese de mento?

Muitos pacientes podem se beneficiar de uma prótese de queixo, enquanto outros não são bons candidatos.
Pessoas com um sulco mento-labial (aquela concavidade que fica entre o queixo e o lábio inferior) profundo, NÃO são bons candidatos. Da mesma forma, pacientes que tem o lábio inferior em uma posição muito posterior em relação ao lábio superior, também não são bons candidatos. Nesses casos, a prótese traria um aspecto artificial, podendo inclusive piorar a estética do terço inferior da face. Nessa situação, indica-se a osteotomia basilar horizontal (cortes no osso do queixo), a qual permitirá o posicionamento adequado do mento.
Pacientes com queixo retruído, mas com adequada projeção do lábio inferior, e que não tenham um sulco mento-labial profundo, podem ser bons candidatos à prótese de mento.

Próteses de mento não funcionam?

Durante minha formação em cirurgia maxilo-facial, aprendi que as próteses eram um método ruim para mentoplasita, pois frequentemente se deslocavam, infectavam ou reabsorviam superficialmente a mandíbula. Com o passar do tempo, tanto as próteses quanto as técnicas cirúrgicas, melhoraram muito de qualidade, de modo que esse pensamento não mais se justifica.
As próteses atuais são mais anatômicas e seguem o contorno de boa parte do contorno do corpo mandibular, dando uma aparência mais natural. Além disso as técnicas atuais de inserção, utilizando parte do músculo do mento para recobrir a superfície da prótese em todas as dimensões, permitem mais segurança. E por fim, as próteses atualmente são fixadas, de modo que não se permite o seu deslocamento.

Um outro fator que conta muito no sucesso das próteses é a experiência do cirurgião com implantes faciais e cirurgias esqueléticas da face. As próteses devem estar corretamente posicionadas em todos os planos, e controlar esse posicionamento através dos cortes de uma cirurgia minimamente invasiva (que é a técnica que utilizamos), requer expertise. Além disso a escolha do formato adequado da prótese para cada rosto é fundamental, e uma escolha feita por um profissional pouco familiarizado com este procedimento, pode levar a resultados insatisfatórios.

Observe um exemplo de prótese mal-posiconada:







Mentoplastia por reposicionamento ósseo

Em alguns casos há necessidade de uma movimentação mais complexa do queixo, como por exemplo, o aumento vertical, o retroposicionamento ou o estreitamento. Nesses casos, está indicada a técnica de “mentoplastia por deslizamento”, ou seja, o reposicionamento da parte óssea do queixo. A mesma técnica também pode ser usada para o aumento da projeção (avanço) do queixo, com resultado semelhantes às próteses, porém, conferindo um maior estreitamento da porção anterior da mandíbula, quando comparado com a prótese, o que pode ser desejável, dependendo do caso.
Veja como é feita a “mentoplastia por deslizamento”.